quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um exemplo para nosso Estado


DIPLOMAÇÃO: memória de uma tragédia

Há treze anos, em Maceió, horas após a cerimônia de diplomação dos políticos alagoanos, a então eleita Deputada Federal,Ceci Cunha, médica natural de Feira Grande, foi emboscada e violentamente assassinada, junto ao esposo e duas outras pessoas, na casa da irmã, na Gruta de Lourdes. A rosa vermelha na mão, foi respingada pelo sangue de uma cidadã alagoana ímpar, de voz branda e quase rouca, jeito simples em sua forma de interagir com os demais, olhos tão sinceros quanto suas intenções, feito os das crianças vindas ao mundo através de sua práxis cuidadosa em Ginecologia.

A “chacina da Gruta”,nome dado à tragédia, permanece na memória de todos, sobretudo dos Agrestinos. Neste dia 16,outra médica, companheira política de Ceci, será diplomada Deputada Federal, eleita com votos saudosos desta, inclusive. É inevitável não ruminar sobre aquele 16 de dezembro de 1988, até então sem desfecho. E por qual motivo não há?
Ceci, além de amiga da minha família, era nossa médica e como mulher, um expoente. Em Arapiraca, foi construído o Memorial da Mulher Ceci Cunha, em sua homenagem. O local abriga alguns de seus pertences, suas memórias, suas falas, seu registro histórico e das demais mulheres cujas trajetórias emanaram no desenvolvimento da segunda maior cidade do estado.

Nacionalmente, entretanto, elegemos a primeira mulher Presidente do Brasil, é o silencio e o patriarcalismo rompido. A quota feminina ainda é tímida na política, nos quadros governamentais, na liderança de lutas por políticas públicas que possam melhor atender as necessidades de nosso povo e suas violações de direito. A criança e o adolescente sofrem abusos diários, o dependente químico não tem números de CAPS ad que atendam a crescente demanda estadual nem ações prática de redução de danos. Os milhares de índios continuam à deriva, aguardando com esperança as ações da nova Secretaria Nacional de Saúde Indígena. O número de homicídios e roubos crescem, a mulher, apesar da lei Maria da Penha, ainda tem altos registros de violência, sobretudo, a psicológica, o assédio moral e sexual no trabalho.

Estreantes e antigos políticos serão empossados, sempre com a proposta de renovação e construção ao assumir os mandatos de Governador, Senador, Deputado Federal e Estadual. O povo alagoano, entretanto, é espectador de um estado apontado como o mais violento do país, com sucessivas reportagens da TV Globo e outros veículos sobre uma segurança pública inexistente, roubos aos cofres públicos, tráfico e consumo de crack desenfreados, leis que não saem do papel, cidadãos com medo e uma Assembleia Legislativa vergonhosa, para não dizer contraproducente aos interesses públicos, porém, ágil no que concerne aos particulares e financeiros de seus representantes. A culpa? É de cada eleitor que não fez uma avaliação correta de seu candidato, que recebeu mimos em troca de seu voto, agora sofrerá consequências.

Hoje, lamentamos a perda de Ceci, que certamente iria construir novas possibilidades para a mulher alagoana. Lemos o Jornal Gazeta ou sentamos diante da TV que nos mostra a brutalidade cotidiana, a “chacota” dos demais estados em relação ao nosso, a incredibilidade política de uma ALE que agoniza, corrupção e inércia do povo. Para mudar é preciso nos pronunciar, agir e dar um basta nos crimes afins de que padece esta terra,situada em parte, de frente para o mar e de costas para o mundo.


Suzy Maurício - Psicóloga (www.suzymauricio.com)


Vigília Ceci Cunha

O evento aconteceu no Memorial da Mulher Ceci Cunha nos dias 15 e 16 de dezembro, lembrando o dia em que Ceci Cunha e familiares foram assassinados,  também abrindo a contagem regressiva para o julgamento dos acusados pela morte da ex-deputada, que será dia 16 de janeiro de 2012. A vigília contou com 24h de homenagens entre familiares, amigos, artistas, autoridades e admiradores.

Agradecemos a todas as manifestações de apoio aos Atos que marcaram a contagem regressiva para o julgamento dos assassinos da minha família (16/01). Obrigado a quem pode comparecer e aos que ajudaram a divulgar os acontecimentos através das redes sociais, colocando “Ceci Cunha” como o tópico mais comentado do twitter em Alagoas. Este caso pode ser sim o início de um Basta de impunidade em nosso Estado, e não acharmos normal ser conhecido como terra de pistoleiro. O Brasil nos acompanha. No dia 16 foram realizadas várias atividades em Recife, Brasilia, Cuibá, Goiania, Amapá, Porto Velho, São Paulo, Curitiba, Natal e Palmas para marcar este crime que envergonha o judiciário brasileiro. Obrigado de Coração.” Rodrigo Cunha


"Eu e minha família agradecemos a todos pelo apoio que recebemos nos últimos dias, quando lembramos os 13 anos da morte dos meus pais. As datas nos remetem a momentos de intensa dor, amortecida pela esperança de conseguirmos resultado positivo no próximo dia 16/01. Vamos continuar disseminando a semente da justiça. Abraço em todos.” Adriana Cunha


Ontem na missa minha cabeça viajou no tempo e não me contive... me vieram imagens da infância, da Lagoa do Pau, a família toda lá (sempre, eu, Gabriela Canuto, Cledja Santos, juntas) me vieram na mente momentos perto da morte onde Ceci Cunha me disse coisas que parece que ela sabia que não voltaria, mas... ele (Juvenal Cunha) me pediu para cuidar da marica e da casa e de mim, e me disse que amava acima de tudo... são palavras difíceis de esquecer... E hoje me pego diante desse caso de novo, que está prestes a ser julgado e me vêm na mente tudo o que eu passei depois que vocês se foram... sei não... minha vida não tem sido fácil...” Cléa Cunha



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